Caso Moïse: júri tem exibição de imagens de agressor posando para foto com congolês já sem reação, e família fica abalada; veja vídeo
14/03/2025
(Foto: Reprodução) Na imagem, agressor aparece fazendo um sinal de 'hang loose', enquanto outro tira foto com um celular. Vídeo foi mostrado ao júri popular pelo MP na tarde desta sexta-feira (14). Vídeo mostra acusado de morte de Moïse tirando foto com vítima imobilizada
A família de Moïse Kabagambe, agredido e morto a pauladas em 2022, ficou abalada durante a exibição de imagens das agressões no Tribunal do Júri, na tarde desta sexta-feira (14).
No vídeo apresentado pela promotora Rita Madeira, do Grupo de Atuação Especializada em Júri (Gaejuri), do Ministério Público do Rio, chamou a atenção uma foto posada com Moïse imobilizado e sem reações, no chão.
No vídeo, Brendon Alexander – que não está sendo julgado nesta sexta-feira mas também é réu em outro processo – está com as costas no chão e com Moïse preso entre suas pernas, totalmente imobilizado e aparentando estar já desacordado.
Réu por homicídio triplamente qualificado, Fábio Pirineus se aproxima e usa um celular para tirar uma foto. Quando o flash dispara, Bendon está com um sinal de hang loose.
➡️O hang loose 🤙🏻é um símbolo feito com a mão, com o dedão e o dedo mindinho eretos e os outros fechados. É um sinal muito usado como uma saudação positiva por surfistas, por exemplo.
Momento em que flash de câmera dispara e Brendon Alexaandro faz um 'hang loose' posando para a foto de Fábio Pirineus
Reprodução
Durante a exibição, familiares e amigos de Moïse se assustaram e disseram que nunca tinham visto o registro.
A mãe de Moïse acompanha o julgamento. Ela chorou durante a exibição de um vídeo em homenagem ao filho.
LEIA TAMBÉM:
Acusado de morte de congolês pediu para dono do quiosque ocultar vídeos: 'Tem como cancelar a filmagem?'
Mãe: ‘A gente atravessou o oceano para fugir da guerra, e ela nos pegou aqui no Brasil’
‘A condenação será uma resposta do Brasil para a família’, diz irmão
Júri retomado
Começa o júri popular dos acusados da morte de Moïse
O júri popular de 2 acusados pela morte de Moïse foi retomado na manhã desta sexta. Na quinta (13), foram ouvidas 6 testemunhas de acusação e defesa.
Fábio Pirineus da Silva e Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca foram interrogados, mas responderam apenas às perguntas formuladas pelas suas defesas e dos jurados. O júri foi suspenso pouco depois das 23h30, após quase 13 horas de sessão.
A expectativa da família de Moïse é que Alesson e Fábio sejam condenados por homicídio triplamente qualificado.
Moïse Kabamgabe
Reprodução
Nesta sexta, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e a assistência de acusação terão 2 horas e meia para apresentar suas alegações, assim como as defesas dos réus. Há possibilidade de réplica.
O julgamento foi retomado às 10h15 com o MPRJ abrindo o debate. O promotor Bruno Bezerra citou as mais de 40 pauladas sofridas por Moïse e mostrou as imagens dos 13 minutos de agressão aos jurados. Ele afirmou que Moïse e sua família tiveram o direito suprimido pela violência.
“Ao final do dia, todo mundo pode ver o programa favorito, abraçar um ente querido. O Moïse teve o direito suprimido, a família teve seu direito suprimido pelos réus, que com a sua violência escolheram estar ali”, disse o promotor.
Ele lembrou ainda que, segundo a família, a vítima tinha uma relação de amor com o Brasil, a quem os parentes chamam de “segunda casa.”
“A família veio para o Brasil encontrar a paz e aqui encontrou a violência e o ódio”, resumiu.
Após a fase do debate, os jurados se reúnem para deliberar sobre a condenação ou absolvição dos réus. A decisão é tomada por maioria simples. A previsão é que a sentença saia ainda nesta sexta.